pacto empresarial pela proteção do denunciante

CANAL DE DENÚNCIA

As pesquisas realizadas no mundo dos negócios apontam o Canal de Denúncia como um dos principais meios para que os Stakeholders internos e externos, apresentem suas preocupações pessoais e com a empresa.

Entretanto, os referidos estudos não demonstram que o Canal de Denúncia está sendo subaproveitado. E o que é ainda pior! Está colocando em risco todos os esforços para o melhor desenvolvimento e do respectivo amadurecimento dos Programa de Ética & Compliance.

Esta afirmação tem respaldo no recente estudo desenvolvido pelo Institute Business Ethics (IBE), com sede em Londres, batizado de “Ethics at Work. Survey of Employees” e que publicou resultados tão surpreendentes quanto estarrecedores os quais apontam para uma realidade comum em muitas empresas que operam nos quatro cantos do planeta, inclusive, evidentemente, no Brasil.

O que impede um funcionário de prestar denúncia?

A principal executiva desta instituição, assina o artigo “Whistleblowing: Awareness and Reluctance(4) para responder um questionamento: “O que impede os funcionários de prestar denúncia?”.

Não restam dúvidas de que os “colaboradores” são a linha de frente para proteger e defender suas empresas contra a má conduta e a corrupção, mitigando os riscos de macular a reputação organizacional. A reputação abalada poderá ser capaz de fechar as portas de qualquer empresa.

Canal de Denúncia

Por outro lado, os Canais de Denúncia são uma ferramenta usada por empresas que atuam segundo as melhores práticas da Governança Corporativa e um eficaz e eficiente “sistema de alerta” aos gestores e executivos para entender as questões que estão sendo enfrentadas por seus subordinados. Porém, enquanto a maioria das grandes empresas tem um mecanismo formal onde as preocupações podem ser expressas, os funcionários não têm confiança no Canal de Denúncia.

A pesquisa demonstrou que, embora os funcionários estejam mais conscientes do que nunca em relação a um “Programa de Ética & Compliance”, quase metade dos trabalhadores britânicos (45%) não estão dispostos a denunciar as suas preocupações sobre a má conduta e os da Europa continental o percentual é de 51%. Destes, pouco mais de 1/4, justificam a atitude de não levar suas preocupações ao Canal de Denúncia por acreditar que as necessárias ações corretivas não serão tomadas, além da sensação de colocar seu emprego em risco, temendo “represálias” de toda natureza, inclusive demissão (e comprometimento da carreira profissional).

Os números indicam também que mulheres, trabalhadores mais jovens e aqueles que estão numa empresa que, digamos assim, tem uma “cultura ética” baixa, 71%, 79% e 97%, respectivamente, disseram que não estavam satisfeitos com a postura de suas empresas.

Publicidade negativa

Além do mais, este estudo revelou que as empresas não conseguem comunicar, interna e externamente, as razões e os benefícios de ter um Canal de Denúncia e, por sua vez, têm dificuldades enormes em motivar seus colaboradores a se valer desta importante ferramenta.

De fato, é o Canal de Denúncia que incentiva os funcionários a relatar suas preocupações dentro dos muros da empresa, antes de levar o assunto para fora, seja diretamente à mídia, seja a um órgão regulador. Contudo, em tempos de novas tecnologias, internet e a expansão das redes sociais, ficou muito mais fácil os funcionários (ou algum outro Stakeholder) tornar públicas suas denúncias aumentando a chance de a empresa ter que enfrentar publicidades negativas.

A má conduta não será tolerada (4)

Um Canal de Denúncia efetivo é um mecanismo para prevenir tais condutas, pois, segundo a Association of Certified Fraud Examiners esta ferramenta é uma das melhores maneiras para fazer emergir as posturas ilícitas nas empresas.

Exaltar o Canal de Denúncia dentro da empresa intensifica a mensagem a todos os níveis organizacionais de que a má conduta não será tolerada, tranquilizando os funcionários que as suas preocupações são importantes e incentivando-os a prestarem denúncias usando essa ferramenta.

Por isso que o maior desafio empresarial é fazer com que o Canal de Denúncia seja seguro e credível, garantindo que todas as preocupações levantadas e qualquer ação (ou omissão) seja dada a conhecer por aquele colaborador que levantou uma preocupação. Essa simples ação poderá ajudar a encorajar as discussões de questões Éticas, antes que elas se tornem problemas. Nesse sentido, o Código de Ética contribui efetivamente, além de mostrar como se deve fazer a coisa certa!

Um efeito secundário grave (4)

Todavia, problemas de comunicação despertam um efeito secundário grave. Com a falta de confiança no Canal de Denúncia e todos os seus desdobramentos negativos, indica uma incoerência entre o que a empresa diz versus o que a empresa faz. Os funcionários saberão que o tema Ética é apenas de fachada, colocando em xeque os valores éticos da própria empresa, pois elas têm que ser transparentes e verdadeiras para afirmar que o Canal de Denúncia é algo para ser levado muito a sério por todos e isso porque as preocupações éticas são sim relevantes.

O whistleblower é um herói!

É tempo também de transformar o whistleblower em “herói”. O denunciante trabalha para o bem (e para a sobrevivência) da empresa (4)

Se no passado, o denunciante era rotulado pejorativamente como “dedo-duro”, nos dias de hoje, quem usa o Canal de Denúncia e presta denúncia de possíveis desvios de conduta de subordinados, pares e superiores, ou mesmo qualquer tipo de desconformidade com as palavras e o espírito do Código de Ética da empresa, ganha mais evidência e destaque no contexto da reputação corporativa e da perenidade dos negócios.

O denunciante deixou de ser relacionado com algo depreciativo, desagradável, deplorável ou desaprovável. Agora, aquele profissional que toca o apito, que soa o alarme, carrega consigo um caráter mais nobre, louvável e exemplar.

Ao prestar denúncia, o whistleblower está tentando preservar o nome, a imagem, a reputação e o patrimônio da empresa. Entretanto, com o aumento das denúncias, todos precisarão ficar mais atentos a possíveis retaliações contra aqueles que foram encorajados e protegidos pelos dizeres do Código de Ética a apresentar algum tipo de preocupação pessoal ou com a empresa, pois, somente assim o Código de Ética e o Canal de Denúncia serão valorizados por todos os Stakeholders.

Coragem Ética

Desta maneira, seus pares, subordinados, superiores e até clientes e parceiros precisam se orgulhar daqueles que tem a coragem ética de se valer do Canal de Denúncia.


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